A
linguagem fetichista de Alexandre
Herchcovitch ganhou outro foco no desfile deste inverno 2013. Foi erótico,
como disse o consultor Jackson Araujo ao final da apresentação. Porém não um
erotismo burlesco, de peep-show, mas
de boudoirs e quartos de vestir de mulheres sofisticadas. Uma sensualidade sutil,
mostrada em roupas que pareciam estar sendo tiradas do corpo, num desvestir de alta-costura. A manobra acabou por
evidenciar um aspecto não sempre tão evidente de seu trabalho (mesmo que sempre
presente): o sentido de uma elegância clássica, independentemente de toda sua
modernidade.
Se costumeiramente sua narrativa é um thriller, desta vez foi uma fábula, principalmente pelos florais de
tapeçaria estampados sobre a lã ou
cobertos por um listrado grosso. As
peças reviradas criam pontas soltas, como das camisas de musseline amarradas na cintura como cinto. Sobre esta silhueta-base de formas alongadas e
comprimentos na altura do joelho, cria volumes deslocados, como peplums amplificados e basques criados com as partes de cima
invertidas (sabe como os surfistas fazem com o body de neoprene quando saem da
água?).
Foram pouquíssimas calças (duas!), de cintura alta e barra curta, usadas com top também bem curtinho, mostrando aquela parte de cima da barriga para onde têm se olhado atualmente. Tudo na cartela invernal de tons fechados, como o vermelho, verde e marrom escuro, um roxo achocolatado e um laranja-ferrugem.
Uma coleção leve e com frescor de Herchcovitch, que parece sinalizar novos e bons ares.
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